Pensado inicialmente para guias turísticos e com uma duração de 25 horas, é uma visão da azulejaria a nível histórico, com uma forte componente técnica, já que os formadores tem esse conhecimento.
Por outro lado os formandos tinham uma grande necessidade de diferenciar a nível técnico e situar no tempo os exemplos de azulejaria que encontram nas nossas ruas, já que os turistas lhes fazem imensas perguntas ás quais não tem formação para responder.
Assim nasceu este curso que mais tarde foi alargado para o publico leigo e interessado no tema, ou para instituições onde o téma é apreciado adaptando-se a carga horária a cada situação.
Apresentação
O azulejo em Portugal
Originalidade e Longevidade durante cinco séculos
O Azulejo é uma das expressões mais fortes da Cultura em Portugal e uma das contribuições mais originais do génio dos portugueses para a Cultura Universal. Que intensamente decora e reveste os edifícios, herança oriental, onde esta arte capta e reflecte a luz solar, fazendo dela matéria da própria arquitectura..
A cor, a imagem, a superfície vidrada, reflectem a luz do recorte das figuras, dos traços,dos sinais simbólicos, e assim o homem restitui ao céu, carregado de significado humano, a luz que vem do próprio céu.
É a arte dos pobres: feito de um pouco de terra, feito de um pouco de cor e de fogo, mas não é uma arte pobre. Quanto mais sumptuosa é à vista, mais simples é a sua matéria e seu artificio, sendo a vitória da riqueza da fantasia sobre a riqueza da matéria. É a ostentação dos ricos e o luxo dos pobres.
Quando em toda a Europa, as ruas frias pintam com cores as paredes como que para esconder a miséria, nas cidades portuguesas decoram-se com azulejos para afirmar a alegria e o orgulho que tem em oferecer uma nova natureza humana (típico dos povos do sul).
É em Portugal onde se encontra o maior numero de azulejos IN SITU. É aqui que a ideia de ligação estética entre arquitectura e azulejo tem a sua exuberância, e em nenhum outro país cristão ocidental tem tamanha produção azulejar ininterrupta durante cinco séculos.
Poder-se-ia explicar o uso excessivo do azulejo, uma das consideradas artes menores, por motivos económicos. Mas é exactamente quando nos períodos de florescimento económico que vamos encontrar os melhores exemplos desta arte em Portugal que muitas das vezes era importada,(Países Baixos, Itália e Espanha).
Aqui, o Azulejo ultrapassou largamente a mera função utilitária ou o seu destino de Arte Ornamental e atingiu o estatuto transcendente de Arte, enquanto intervenção poética na criação das arquitecturas e das cidades.
A existência de um Museu Nacional do Azulejo em Lisboa torna bem evidente o valor desta Arte em Portugal, não só pelo imenso Património existente por todo o país e por outras partes do antigo Império, entre o Brasil, as Áfricas e até a Índia, mas também pelo que representa, no passado e ainda na actualidade, da inteligência prática e da sensibilidade dos portugueses. O Museu Nacional do Azulejo é hoje um dos mais importantes Museus de Cerâmica do Mundo e constitui, mais do que uma sugestão de coleccionar azulejos, um convite a visitar o País em busca dos monumentais conjuntos ainda nos seus lugares de origem, percebendo-se bem a relação profunda entre o Azulejo, a arquitectura e a cidade.
Programa e Conteúdos temáticos
Introdução
Definição de azulejo.Face nobre e tardoz.Origem das palavras (al zulej ou azzelij e lapis-lazúli).Terminologia anterior (Tijolo ou Rajola, Ladrilho, Afardons e Luzetas).Termo recente (Azulejo - Azulejaria).O azulejo como expressão da cultura Portuguesa.A luz como material de construção.Luxo dos pobres e a ostentação dos ricos.O azulejo como revestimento nos povos do sul.Portugal maior depositário de azulejos “in situ”.O uso utilitário e económico e o estatuto transcendente de Arte..O museu do azulejo.Estatuto de Arte enquanto intervenção poética
As origens e Expansão
Antigo Egípto.Assírios e Babilónicos.Persas (reflexos metálicos).Árabes.Influência da Porcelana chinesa na cerâmica árabe.Azulejo medieval – Embutido.A cerâmica Árabe na Península – Mudjar, Arabescos e laçarias.Importações de Sevilha.Centros produtores na aldaluzia.“Horror ao vazio”.
Inicio da produção em Portugal
Séculos XV – XVI
5 séculos de produção ineterrupta
As Técnicas Mudejares.Alicatados/Enxactados.Enxaquetados (enxaquetado compósito).Corda-seca – corda-seca fendida ou “cuerda seca de refuerzo”.Aresta" ou “cuenca”.Azulejo relevado.Esgrafitado / esgrafiado / sgraffiato.Palácio de Sintra, Sé de Coimbra, Quinta da bacalhoua.O simbolismo do infinito nos arabescos Islâmicos.O ambiente cristão com a estética árabe.Majólica (ou Pisana) - A origem do termo e a revolução na produção..O termo - “Opera di Mallica”.“Cubierta ou coperta”.Descrição da técnica.O termo – faiança.A influência da Itália e da Flandres.Francisco Niculoso (o Pisano).Região da Flandres (Antuerpia).Azulejos de Delft.Início da produção em Portugal.Malagueiros em Lisboa.Modelos de circulação internacional adaptados ao azulejo.O estilo maneirista.Cornocopias, volutas em acanto, flores e grinaldas, sanefas, baldaquinos.Francisco de Matos na Igreja de S. Roque em Lisboa.Influências das disposições do Concilio de Trento (os ornamentos Italo-flamengos).Abolição da arte islâmica nas decorações.Porcelana chinesa e “chitas” indianas.Dupla Influência da porcelana Chinesa.Mil anos de experiência da china na porcelana, antes dos europeus.O azul e a espessura da pasta.Consequências do domínio Filipino na produção azulejar.Azulejo de Padrão, Tapete e de Caixilho, Frontais de altar).Azul, amarelo e verde - bem ao gosto português pelo exótico.“ponta de diamante”.Durante o período filipino – a retoma das importações de Sevilha.Transculturação nas artes decorativas portuguesas – Os grutescos.Influência da produção Holandesa.Figura avulsa.Albarrada portuguesa.Azulejos de Delft na Figueira da Foz.Proibição da importação de azulejos da Flandres.Reacção das oficinas portuguesas.Gabriel del Barco.Reconquista da independência e o Barroco.Nobreza ganha novo ímpeto no território nacional.Composições policromadas.(amarelo, azul, verde e castanho) de tradição holandesa. Cenas de caça, idílicas, e cenas sobre a temática holandesa dos cinco sentidos.Macacarias - caricatura moral dos reais protagonistas que imitam costumes sem os compreender.Ciclo dos Mestres - Século XVIII.António Pereira, Manuel dos Santos, o monogramista PMP,.António de Oliveira Bernardes e o seu filho Policarpo de Oliveira Bernardes..A policromia substituída pelo monocromia..Padrões de "tapetes" do século XVII, reproduzidos a azul e branco..Estética do barroco.O periodo azul e as cozeduras a lenha.Azulejo historiado.Gravuras de França (passam a ditar as modas)."Figuras de convite".Alizares ou Silhares de albarradas – azul.Figura avulsa nacional de influência Holandesa.A Grande Produção Joanina - Século XVIII.Prolongamento do Ciclo dos Mestres: Nicolau de Freitas, Teotónio dos Santos ou Valentim de Almeida.Encomendas do Brasil.Cenas bucólicas, mitológicas, religiosas – bíblicas, marianistas..Caçadas, quotidiano cortesão e alegóricas.Vitalidade Barroca.Os côncavos e convexos, concheados, flores, frutos, cartuchos, entrelaçados, “putti” (anjos), baldaquinos, efeitos ilusionistas arquitectónicos (balaustradas) e as figuras de convite..Influência da estética "rocaille" Pombalina / policromatismo do estilo Luís XV.Concheado.Rococó.Fábrica do Rato.A azulejaria após o terramoto de 1755.Painéis devocionais na recostrução de Lisboa.Azulejo Pombalino utilitário.Padronagem de tapete Pombalina.Padronagem policromada.Invasões francesas, independência do Brasil e Guerra Civil: Influencias na produção.Estagnação da produção de azulejo..Influência brasileira (o azulejo de fachada/padronagem policromada).“Casas de penico” em Portugal.O azulejo de estampilhado e de relevo em fachada exterior. Técnicas.Coexistência da linguagem Romântica com a azulejaria semi-industrial.Principais centros de produção/ fábricas e a mecanização da produção.Introdução das maquinas a vapor na produção azulejar.Fábricas de Lisboa - Viúva Lamego, Sacavém, Constância, Roseira, Santana - do Porto e Gaia - Massarelos, Miragaia, Devezas, Carvalhinho - de Aveiro – Fonte nova e Aléluia.A utilização do “pó-de-pedra” na produção mecanizada..Padronagens “à inglesa” e “à francesa”, naturalistas ou geometrizadas e o metodo de estampilhagem.Estilo Império ou D. Maria / Neo-clássico."Chinoiseries".O Simbolismo na azulejaria de Luiz Ferreira – Ferreira das tabuletas.Pereira Cão.Alberto Nunes.Licínio Pinho e Francisco Pereira.Rafael Bordalo Pinheiro.Arte nova e Arte Deco e as técnicas de execução.Azulejaria Historicista e Revivalista.A técnica de pintura sobre azulejo de Jorge Colaço.Leopoldo Batistini / Maria de Portugal.Jorge Barradas e Paolo Ferreira.Parâmetros funcionalistas internacionais na arquitectura dos anos 50 e o azulejo.Nova geração de arquitectos a participação de jovens artistas plásticos.Artistas da segunda metade do Sec. XX.Júlio Resende, Júlio Pomar, Sá Nogueira, Maria Keil, Manuel Cargaleiro, Querubim Lapa, João Abel Manta, Menez, Cecília de Sousa, Martins Correia, Joaquim Rodrigo, Jorge Martins, Costa Pinheiro, Graça Pereira Coutinho, Zao-Wo-Ki, Sean Scully, Hundertwasser e Eduardo Nery.As grandes campanhas do Metropolitano de Lisboa.Grandes obras públicas.A Expo 98.Ivan Chermaieff, Fernanda Fragateiro, Ilda David, Pedro Casqueiro, Pedro Cabrita Reis.Herança da azulejaria Portuguesa no Brasil
Conclusão
Valorização urbana através da azulejaria
O azulejo de rua
Valorização da paisagem urbana
Apreciação estética do azulejo e sua colocação
Os revivalismos e o gosto da população desatenta da contemporaneidade
A produção artesanal e as correntes estéticas do passado
Os cursos de pintura em azulejos
Roteiro geográfico com interesse histórico para estudo da Azulejaria
Livros e autores de azulejaria
Técnicas e sua terminologia e tipo de produção
Tipo de decoração / terminologia das temáticas abordadas
Tratamento informático e as técnicas de pintura em azulejo
Termos relacionados com a azulejaria